Séries Funcionais
- Séries de potências
- Soma
- Produto por um real
- Produto entre duas séries
- Função analítica num ponto
- Analiticidade das séries de potências no interior do seu intervalo de convergência
- Unicidade da representação em série de potências
- Continuidade das funções analíticas
- Diferenciabilidade das funções analíticas
- Funções inteiras
São séries do tipo
Iremos estudar somente as séries de potências:
Séries de potências
Chama-se séries de potências a uma série funcional da forma
em que é a variável e . Chama-se centro da série ao ponto e coeficientes da série aos termos da sucessão .
tip
→ variável;
;
→ centro da série;
Termos de → coeficientes da série;
🧠 Pode-se sempre considerar , se considerarmos os coeficientes .
Domínio de convergência
Conjunto de para os quais a série converge.
Soma da série de potências/Valor da série de potências em
Função de , definida pela soma da série em todos os pontos do domínio de convergência.
Primeiro Teorema de Abel
Seja
uma série de potências. Se a série converge para então converge absolutamente para , onde .
Mais ainda, existe o limite
- Se , a série é convergente para ;
- Se , a série é divergente para
Raio de convergência
Valor do limite indicado acima.
👉 O teorema de Abel estabelece qual o domínio de convergência de qualquer série de potências, exceto em dois pontos, em que nada se sabe da sua natureza: .
O símbolo representa o limite superior de , isto é, o supremo em dos sublimites de .
Sempre que para para algum , a série é truncada e, por isso, uma função polinomial. Logo, o seu domínio de convergência será .
Raio de convergência de uma série de potências
Dada uma série de potências de coeficientes , sempre que exista o limite
tem-se que o raio de convergência da série, , tem o valor desse limite.
Este é um método bastante mais simpático de calcular o raio de convergência do que o teorema de Abel, e funciona a maior parte das vezes.
Podemos assim retirar algumas observações:
- O raio de convergência existe sempre, para qualquer série de potências. Como é um limite pode ser 0, um número real positivo ou .
- A fórmula simplificada para o raio, que funciona a maior parte das vezes, pode gerar alguma confusão na mente desprevenida pois é, formalmente, o inverso algébrico do limite que é necessário calcular para aplicar o critério de D’Alembert.
- O raio de convergência e o centro permitem caracterizar o domínio de convergência, com possível exceção de dois pontos.
Exemplos
Seja a série de potências:
Os coeficientes da série são dados pela sucessão de termo e o centro da série é o ponto .
O raio de convergência é dado pelo seguinte limite, caso este exista:
Logo, .
Seja a série de potências:
Começa-se por escrever a série na forma canónica:
Os coeficientes da série são dados pela sucessão de termo e o centro da série é o ponto .
O raio de convergência é dado pelo seguinte limite, caso este exista:
Logo,
Seja a série de potências:
Começa-se por escrever a série na forma canónica:
Os coeficientes da série são dados pela sucessão de termo e o centro da série é o ponto .
O raio de convergência é dado pelo seguinte limite, caso este exista:
Logo,
Seja a série de potências:
Começa-se por escrever a série na forma canónica:
Os coeficientes da série são dados pela sucessão de termo e o centro da série é o ponto .
O raio de convergência é dado pelo seguinte limite, caso este exista:
Logo,
Domínio de convergência
É fácil determinar o domínio de convergência, após saber o raio de convergência.
Podem existir 3 casos:
- , a que se chama intervalo de convergência.
Neste último caso, é necessário ainda estudar, à parte, a natureza dos extremos de . O intervalo de convergência é sempre um intervalo aberto. Pode-se também concluir que a série é sempre divergente para e absolutamente convergente em .
👉 As séries de potências não podem ser absolutamente convergentes num extremo sem o serem também no outro.
Exemplos
Seja a série de potências:
O centro da série é . Pode-se calcular o raio de convergência pelo limite:
Então, a série é absolutamente convergente em e divergente em .
Estuda-se assim a natureza da série nos pontos que faltam . Começa-se por :
Sabemos que é divergente por ser uma série de Dirichlet com .
Para :
Sabemos que é simplesmente convergente por um exemplo anterior (secção da convergência absoluta e simples de séries numéricas).
Logo, a série de potências dada é absolutamente convergente em , simplesmente convergente em e divergente em .
Seja a série de potências:
O centro da série é . Pode-se calcular o raio de convergência pelo limite:
Então, a série é
- absolutamente convergente em
- divergente em
- não se sabe (ainda) em e .
Para :
A série dos módulos é uma série de Dirichlet com , logo a série para é absolutamente convergente.
Para :
É absolutamente convergente.
Logo, a série de potências dada é absolutamente convergente em e divergente em .
Soma e produto de séries de potências
É necessário, tanto para a soma como para o produto, que as séries tenham o mesmo centro.
Soma
A série obtida tem o mesmo centro e o mesmo raio de convergência das séries operandas.
Produto por um real
A série obtida tem o mesmo centro e o mesmo raio de convergência da série dada, exceto se .
Produto entre duas séries
Usando o produto de Cauchy e o Teorema de Mertens, obtém-se uma série com o mesmo centro e o mesmo raio de convergência das séries operandas.
Simplificação termo geral
Sendo a série:
Pode-se escrever a série da forma:
Obtém-se, assim, a expressão dos coeficientes da série dados por:
No entanto, para estes coeficientes não se pode aplicar a fórmula simplificada do raio de convergência. Então:
Também se pode fazer uma "mudança de variável":
Exemplo
Seja a série:
Pode-se escrever esta série como uma série de potências, fazendo a mudança de variável:
Esta série é absolutamente convergente se e divergente se .
Então a série converge absolutamente se
Pode-se fazer o mesmo para estudar a divergência (vai dar ).
Quando , a série vai ser simplesmente convergente.
Funções analíticas
Função analítica num ponto
Dados e uma função , para algum , diz-se que é analítica em se existe uma sucessão de coeficientes tal que
para qualquer , para algum tal que .
Se então a função diz-se inteira.
Função analítica
Função que pode ser escrita como uma série de potências, localmente num ponto .
- Uma função nunca é apenas analítica em (pela analiticidade das séries de potências, abaixo)
- A sucessão é única, isto é, para uma determinada função, não é possível encontrar uma sucessão diferente que esteja também correta.
A demonstração destas duas propriedades encontra-se no PDF da aula 31, páginas 7 e 8.
Analiticidade das séries de potências no interior do seu intervalo de convergência
Seja uma função analítica em que admite uma representação em série de potências de com raio de convergência . Então, é analítica em todos os pontos de .
Unicidade da representação em série de potências
Seja uma função analítica num ponto . Então, existe uma e uma só sucessão de coeficientes tal que
Obviamente, para um ponto , isto já não é verdade, e as sucessões de coeficientes são, normalmente, diferentes.
Continuidade das funções analíticas
Seja uma função analítica em cuja série de potências de converge num intervalo , para algum . Então, é contínua em .
A demonstração encontra-se no PDF da aula 31, páginas 8 e 9.
tip
Uma função analítica é contínua no intervalo onde é convergente.
Diferenciabilidade das funções analíticas
Seja uma função analítica num ponto tal que a respetiva representação em série de potências de tem coeficientes e converge em , para algum . Então, e as suas derivadas podem ser determinadas derivando o termo a termo a série de representa .
A demonstração encontra-se no PDF da aula 31, página 9.
tip
Uma função analítica, no intervalo onde é convergente, pode ser derivada infinitas vezes.
Assim, todas as funções analíticas são extremamente regulares, e as funções inteiras são extremamente regulares em todo o .
Conclui-se também:
Funções inteiras
Esta nova forma de representar algumas funções já conhecidas, permite-nos calcular a soma de séries através do valor destas funções, que muito provavelmente é conhecido.
Abaixo encontram-se alguns exemplos de funções já estudadas que são, na verdade, funções inteiras:
Facilmente se pode concluir que se consegue somar algumas séries que anteriormente era impossível:
Também as funções trigonométricas, , , e podem ser escritas como funções inteiras:
Novamente, podemos usar estas novas funções para calcular somas de séries:
PDFs: