TFC e Teorema de Leibniz
Teorema Fundamental do Cálculo
Relembrando o TFC de CDI 1, que nos vai ser útil em conjunto com o Teorema de Leibniz.
TEOREMA
Seja
F ( x ) = ∫ a ( x ) b ( x ) f ( t ) d t F(x) = \int^{b(x)}_{a(x)} f(t) \d t F ( x ) = ∫ a ( x ) b ( x ) f ( t ) d t Então,
F ′ ( x ) = f ( b ( x ) ) ⋅ b ′ ( x ) − f ( a ( x ) ) ⋅ a ′ ( x ) F'(x) = f(b(x)) \cdot b'(x) - f(a(x)) \cdot a'(x) F ′ ( x ) = f ( b ( x )) ⋅ b ′ ( x ) − f ( a ( x )) ⋅ a ′ ( x )
Teorema de Leibniz
Então, vejamos o Teorema de Leibnitz, que nos permite calcular a derivada de uma função do tipo
F ( t ) = ∫ a b f ( x , t ) d x F(t) = \int^b_a f(x,t) \d x F ( t ) = ∫ a b f ( x , t ) d x
em que não conseguimos facilmente primitivar f ( x , t ) f(x,t) f ( x , t ) .
TEOREMA
Seja f : R 2 → R , C 1 f: \R^2 \to \R, C^1 f : R 2 → R , C 1 e F : R → R F: \R \to \R F : R → R .
Sabendo que
F ( t ) = ∫ a b f ( x , t ) d x F(t) = \int^b_a f(x,t) \d x F ( t ) = ∫ a b f ( x , t ) d x então temos que
F ′ ( t ) = ∫ a b ∂ f ∂ t ( x , t ) d x F'(t) = \int^b_a \frac{\partial f}{\partial t}(x,t) \d x F ′ ( t ) = ∫ a b ∂ t ∂ f ( x , t ) d x
Exemplo F ( t ) = ∫ 0 3 e − t x 2 d x F(t) = \int^3_0 e^{-tx^2}\d x F ( t ) = ∫ 0 3 e − t x 2 d x O problema é que e − t x 2 e^{-tx^2} e − t x 2 não tem primitiva que se consiga escrever explicitamente.
Qual é o valor de F ′ ( 0 ) F'(0) F ′ ( 0 ) ?
Recorrendo então ao Teorema de Leibniz, podemos escrever
F ′ ( t ) = d F d t ( t ) = d d t ( ∫ 0 3 e − t x 2 d x ) = ∫ 0 3 ∂ ∂ t ( e − t x 2 ) d x = ∫ 0 3 ( − x 2 e − t x 2 ) d x \begin{aligned}
F'(t) &= \frac{\d F}{\d t} (t)\\
&= \frac{\d}{\d t} \left(\int^3_0 e^{-tx^2} \d x \right)\\
&= \int^{3}_0 \frac{\partial}{\partial t}\left(e^{-tx^2}\right) \d x\\
&= \int^{3}_0 \left(-x^2 e^{-tx^2}\right) \d x
\end{aligned} F ′ ( t ) = d t d F ( t ) = d t d ( ∫ 0 3 e − t x 2 d x ) = ∫ 0 3 ∂ t ∂ ( e − t x 2 ) d x = ∫ 0 3 ( − x 2 e − t x 2 ) d x Então, podemos agora calcular o valor de F ′ ( 0 ) F'(0) F ′ ( 0 ) :
F ′ ( 0 ) = − ∫ 0 3 x 2 = − [ x 3 3 ] 0 3 = − 9 F'(0) = - \int^3_0 x^2 = - \left[\frac{x^3}{3} \right]^3_0 = -9 F ′ ( 0 ) = − ∫ 0 3 x 2 = − [ 3 x 3 ] 0 3 = − 9
Outra aplicação do Teorema de Leibnitz é aplicá-lo juntamente com o Teorema Fundamental do Cálculo e com a Regra da Cadeia .
Sabendo que
H ( x ) = ∫ a ( x ) b ( x ) f ( x , y ) d y H(x) = \int^{b(x)}_{a(x)} f(x,y) \d y H ( x ) = ∫ a ( x ) b ( x ) f ( x , y ) d y
podemos obter a derivada desta função através da seguinte fórmula:
H ′ ( x ) = f ( x , b ( x ) ) ⋅ b ′ ( x ) − f ( x , a ( x ) ) ⋅ a ′ ( x ) + ∫ a ( x ) b ( x ) ∂ f ∂ x ( x , y ) d y H'(x) = f(x, b(x)) \cdot b'(x) - f(x, a(x)) \cdot a'(x) + \int^{b(x)}_{a(x)} \frac{\partial f}{\partial x}(x,y) \d y H ′ ( x ) = f ( x , b ( x )) ⋅ b ′ ( x ) − f ( x , a ( x )) ⋅ a ′ ( x ) + ∫ a ( x ) b ( x ) ∂ x ∂ f ( x , y ) d y
A demonstração desta fórmula encontra-se nos slides da aula 26.
Exemplo (correspondente ao exercício 9 da ficha 7) Seja o conjunto V t V_t V t e a função F ( t ) F(t) F ( t )
V t = { ( x , y , z ) ∈ R 3 : 1 ≤ x 2 + y 2 ≤ t , 0 ≤ z ≤ 1 , y > 0 } V_t = \{(x,y,z) \in \R^3: 1 \leq x^2 + y^2 \leq t \quad, \quad 0 \leq z \leq 1 \quad,\quad y>0\} V t = {( x , y , z ) ∈ R 3 : 1 ≤ x 2 + y 2 ≤ t , 0 ≤ z ≤ 1 , y > 0 } F ( t ) = ∫ ∫ ∫ V t e t ( x 2 + y 2 ) x 2 + y 2 d x d y d z F(t)=\int\int\int_{V_t} \frac{e^{t(x^2+y^2)}}{x^2+y^2} \d x \d y \d z F ( t ) = ∫∫ ∫ V t x 2 + y 2 e t ( x 2 + y 2 ) d x d y d z Qual o valor de F ′ ( 4 ) F'(4) F ′ ( 4 ) ?
Começamos por identificar o tipo de sólido e se é preciso efetuar transformação de coordenadas.
Neste caso, como V t V_t V t é de revolução, usamos as coordenadas cilíndricas .
{ x = r cos θ y = r sin θ z = z ∣ det D g ∣ = r \begin{array}{ll}
\begin{cases}
x = r \cos \theta\\
y = r \sin \theta\\
z = z
\end{cases}
&
|\det Dg| = r
\end{array} ⎩ ⎨ ⎧ x = r cos θ y = r sin θ z = z ∣ det D g ∣ = r Chegamos então às seguintes restrições:
1 ≤ x 2 + y 2 ≤ t ⇔ 1 ≤ r 2 ≤ t ⇔ 1 ≤ r ≤ t 0 ≤ z ≤ 1 y > 0 ⇔ r sin θ > 0 ⇔ sin θ > 0 ⇔ θ ∈ ] 0 , π [ \begin{darray}{c}
1 \leq x^2+y^2 \leq t \Leftrightarrow 1 \leq r^2 \leq t \Leftrightarrow 1 \leq r \leq \sqrt{t}\\
0 \leq z \leq 1\\
y > 0 \Leftrightarrow r \sin \theta > 0 \Leftrightarrow \sin \theta > 0\Leftrightarrow \theta \in ]0, \pi[
\end{darray} 1 ≤ x 2 + y 2 ≤ t ⇔ 1 ≤ r 2 ≤ t ⇔ 1 ≤ r ≤ t 0 ≤ z ≤ 1 y > 0 ⇔ r sin θ > 0 ⇔ sin θ > 0 ⇔ θ ∈ ] 0 , π [ Podemos agora escrever F ( t ) F(t) F ( t ) em coordenadas cilíndricas:
F ( t ) = ∫ 0 π ∫ 1 t ∫ 0 1 e t r 2 r 2 ⋅ r d z d r d θ = ∫ 0 π ∫ 1 t e t r 2 r d r d θ = ∫ 1 t ∫ 0 π e t r 2 r d θ d r = ∫ 1 t π e t r 2 r d r \begin{aligned}
F(t)&= \int^{\pi}_0 \int^{\sqrt{t}}_1 \int^1_0 \frac{e^{tr^2}}{r^2} \cdot r \d z \d r \d \theta\\
&= \int^{\pi}_0 \int^{\sqrt{t}}_1 \frac{e^{tr^2}}{r} \d r \d \theta\\
&= \int^{\sqrt{t}}_1 \int^{\pi}_0 \frac{e^{tr^2}}{r} \d \theta \d r\\
&= \int^{\sqrt{t}}_1 \frac{\pi e^{tr^2}}{r} \d r
\end{aligned} F ( t ) = ∫ 0 π ∫ 1 t ∫ 0 1 r 2 e t r 2 ⋅ r d z d r d θ = ∫ 0 π ∫ 1 t r e t r 2 d r d θ = ∫ 1 t ∫ 0 π r e t r 2 d θ d r = ∫ 1 t r π e t r 2 d r Chegamos um integral cuja função no interior não é fácil de primitivar.
Podemos então recorrer ao Teorema de Leibnitz , ao Teorema Fundamental do Cálculo e
à Regra da Cadeia para determinar a expressão de F ′ ( t ) F'(t) F ′ ( t ) :
F ′ ( t ) = π e t r 2 r ∣ r = t ⋅ ( t ) ′ ⏞ TFC + ∫ 1 t ∂ ∂ t π e t r 2 r d r ⏞ Leibnitz = π e t 2 t ⋅ 1 2 t + ∫ 1 t r 2 e t r 2 r ⋅ π d r \begin{aligned}
F'(t) &= \overbrace{\frac{\pi e^{tr^2}}{r} |_{r=\sqrt{t}} \cdot (\sqrt{t})'}^{\text{TFC}}
+ \overbrace{\int^{\sqrt t}_{1} \frac{\partial }{\partial t} \frac{\pi e^{tr^2}}{r} \d r}^{\text{Leibnitz}}\\
&=\frac{\pi e^{t^2}}{\sqrt t} \cdot \frac{1}{2\sqrt t} + \int^{\sqrt t}_1 \frac{r^2 e^{tr^2}}{r} \cdot \pi \d r
\end{aligned} F ′ ( t ) = r π e t r 2 ∣ r = t ⋅ ( t ) ′ TFC + ∫ 1 t ∂ t ∂ r π e t r 2 d r Leibnitz = t π e t 2 ⋅ 2 t 1 + ∫ 1 t r r 2 e t r 2 ⋅ π d r Finalmente, determinamos o valor de F ( 4 ) F(4) F ( 4 ) :
F ′ ( 4 ) = π e 16 8 + π ∫ 1 2 r e 4 r 2 d r = π e 16 8 + π 8 ∫ 1 2 8 r e 4 r 2 d r = π e 16 8 + π 8 [ e 4 r 2 ] 1 2 = π e 16 8 + π 8 ( e 16 − e 4 ) = π 8 ( 2 e 16 − e 4 ) \begin{aligned}
F'(4) &= \frac{\pi e^{16}}{8} + \pi \int^2_1 r e^{4r^2}\d r\\
&= \frac{\pi e^{16}}{8} + \frac{\pi}{8} \int^2_1 8r e^{4r^2}\d r\\
&= \frac{\pi e^{16}}{8} + \frac{\pi}{8} \left[e^{4r^2} \right]^2_1\\
&= \frac{\pi e^{16}}{8} + \frac{\pi}{8} \left(e^{16} - e^4 \right)\\
&= \frac{\pi}{8} \left(2e^{16} - e^4 \right)
\end{aligned} F ′ ( 4 ) = 8 π e 16 + π ∫ 1 2 r e 4 r 2 d r = 8 π e 16 + 8 π ∫ 1 2 8 r e 4 r 2 d r = 8 π e 16 + 8 π [ e 4 r 2 ] 1 2 = 8 π e 16 + 8 π ( e 16 − e 4 ) = 8 π ( 2 e 16 − e 4 )
Slides: