Definição: dados dois números a e b inteiros, diz-se que o número d∈N1 é máximo divisor comum de a e b, e escreve-se a⌢b=d, se:
a) d∣a (d divide a) e d∣b;
b) Para todo o d′∈N1 tal que d′∣a e d′∣b tem-se que d′∣d.
Tem-se a seguinte propriedade:
a⌢b=(−a)⌢b=a⌢(−b)=(−a)⌢(−b)
Teorema da unicidade:
Se existir o máximo divisor de a e de b, então este é único.
Prova
d é M.D.C. de a e b. Vem então:
a) d∣a e d∣b;
b) ∀d′′∈N1((d′′∣a e d′′∣b)⟹d′′∣d
Suponha-se a existência de d′ e que este também é M.D.C. de a e b. Então:
c) d′∣a e d′∣b;
d) ∀d′′∈N1((d′′∣a e d′′∣b)⟹d′′∣d′
A partir das proposições a) e d) retira-se que d∣d′. A partir das proposições c) e b) retira-se que d′∣d. Assim, pela antissimetria da divisão, vem que d=d′.
Teorema da base da recorrência:
Se o inteiro a divide o inteiro b, então a⌢b=a.
Por exemplo, 12∣24⟹12⌢24=12.
Prova
Como se tem que a∣a e a∣b, tem-se pela proposição vista no início que a⌢b=a.
Teorema do resto da divisão:
Se r1 é o resto da divisão de a por b, então a⌢b existe e coincide com b⌢r1.
Por exemplo, 646=7+32⟹46⌢6=46⌢2.
Prova
Tem-se a=bq1+r1 onde q1 é o quociente entre a e b e r1 o resto da sua divisão inteira.
Repare-se que se d∣a e d∣b, então d∣r1:
a=bq1+r1⇔dk=dk′q1+r1⇔r1=d(k−k′q1)
Por um raciocínio análogo, se d∣b e d∣r1, então d∣a.
Onde rn<rn−1<rn−2<...<r0=b. Dada esta inequação:
rn=rn−1qn+0ern⌢rn−1=rn
pois rn é divisível por rn−1.
Primeiro passo é ver quantas vezes 198 cabe em 252 — 1 vez. Segundo passo é calcular o resto dessa divisão — 54. Depois, repete-se o procedimento mas desta vez com 198 e 54, e assim sucessivamente, até obtermos um resto zero. Neste caso, 18 seria o M.D.C. entre 252 e 198.
Como escrever o máximo divisor comum em fatores de 252 e 198?
Ao invés de desenharmos a tabela na horizontal, é mais prático desenhá-la na vertical pois permite-nos obter ao mesmo tempo os coeficientes de Bézout — ou seja, os valores que satisfazem a seguinte equação:
ai=252x+198y
Como a construir? Imaginemos que queremos o coeficiente circulado a azul. Para obtermos este coeficiente, basta pegar no que vem duas linhas acima, ou seja o laranja, e subtrai-se ao produto entre o quociente na linha de cima — qi — e o valor de xi/yi também na linha acima. Neste caso, tem-se 1−(1⋅0)=1. Como resultado, após descobrir que 18 é o M.D.C entre 252 e 198, vem:
18=4⋅252+(−5)⋅198
Teorema 4
Para todo a,b∈Z não simultaneamente nulos, para todo m∈N1, tem-se:
(m×a)⌢(m×b)=m×(a⌢b)
Números primos entre si
Dois números a,b∈Z dizem-se primos entre si, se e só se a⌢b=1. Esta relação pode ser representada por:
Como da∤db e db∤da, uma vez que são primos entre si, tal como vimos no Teorema 5. Para existir solução, é preciso que db∣(x−x0), pelo Teorema 6. Se isto se verificar, então existe um t∈Z, tal que:
x−x0=dbt
logo,
x=x0+dbt
substituindo pelo que tínhamos,
da⋅dbt=db(y0−y)y=y0−dat
QED
Exemplo
Seja d e m o dia e mês, respetivamente, de uma dada data e c=31d+12m.
Se soubermos c conseguimos chegar a m e d, resolvendo a equação diofantina.
No entanto, neste exemplo precisamos primeiro da data para chegar a c. Depois iremos verificar se conseguíamos chegar à data escolhida, somente a partir de c.
Com d=29 e m=2 (29 de fevereiro),
c=31(29)+12(2)=923
Vamos agora tentar chegar a d e m, apenas a partir de c.