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Testes e Testes de Unidade

Os testes automáticos permitem-nos ter confiança de que o nosso código funciona e que não sofreu regressões (i.e. algo que funcionava deixou de funcionar) devido a alterações não relacionadas.
No entanto, é importante ter em conta que ter todos os testes a passar não significa que o programa está livre de bugs.

Fases de Testagem

Existem 3 grandes fases onde os sistemas são testados:

  • Development Testing: o sistema é testado pelos developers durante o desenvolvimento. Pode tomar a forma de unit testing, component testing ou system testing.
  • Release testing: antes de uma nova versão do sistema ser lançada e disponibilizada aos utilizadores, os QA Engineers, uma equipa separada da equipa de desenvolvimento, testam todo o sistema.
  • User testing: os utilizadores do sistema testam o sistema, por exemplo, através de uma versão beta ou alpha lançada antes da versão final.

Estratégias de Testagem

  • Black box testing: os testes são feitos a partir de uma especificação, isto é, a descrição que levou à implementação.
  • White box testing: os testes são feitos contra uma implementação específica.

Exemplo

Imaginemos que temos uma estrutura do tipo FIFO implementada e queremos testar o método fifo.push().

No caso de não conhecermos a implementação (caso black box), o óbvio seria testar o caso em que a fifo está vazia, e o caso em que não está.

No entanto, se soubermos que a estrutura utiliza arrays de 512 elementos na sua implementação, podemos (e devemos) também testar o caso em que é adicionado um elemento a uma FIFO com 512 elementos (caso white box).

Testagem de Partições

Quando estamos a testar um sistema, existem vários inputs (e os respetivos outputs) que se comportam de forma semelhante. Podemos, então, agrupar estes inputs quando escrevemos testes, numa técnica chamada Testagem de Partições (ou, em inglês, equivalence partitioning testing).

Partition Testing

Consiste em encontrar grupos de inputs (que não se intercetam) que se espera que tenham um mesmo comportamento.
De seguida, cria-se testes para cada um destes grupos.

Uma técnica usada em conjunto com a testagem de partições é a análise de valores fronteira (boundary-value analysis), isto é, os valores que delimitam as várias partições.

Exemplo

Vamos imaginar uma função passOrFail(int grade) que retorna "pass" se a nota for entre 10 e 20 (inclusive), "fail" se a nota for entre 0 e 9 (inclusive) e lança uma exceção para qualquer outro valor.

Seguindo a testagem de partições, vamos dividir o nosso espaço em 4 diferentes partições.

...    -1 | 0 ... 9 | 10 ... 20 | 21    ...
-------------------------------------------
exception |  fail   |   pass    | exception

Considerando apenas a testagem de partições, temos de testar um valor de cada uma das partições, por exemplo, -2, 4, 15 e 22.

No entanto, geralmente queremos também efetuar boundary-value analysis, pelo que queremos incluir nos nossos testes os valores fronteira, -1, 0, 9, 10, 20 e 21.

Assim, se seguirmos ambos os métodos, os nossos testes deverão abranger 10 valores diferentes e 4 partições.

Testes Unitários

Os Testes Unitários (Unit Tests) servem para testar os vários componentes individualmente, isolados do resto do sistema.

As várias unidades podem ser:

  • Funções ou métodos de um objeto
  • Classes de objetos com vários atributos e métodos
  • Componentes compostos (composite components) com interfaces bem definidas que permitem aceder à sua funcionalidade.

Para termos coverage total de uma classe, temos de:

  • Testar todas as operações associadas a um objeto;
  • Fazer set e get de todos os atributos do objeto;
  • Utilizar o objeto em todos os seus estados possíveis.

Testes Automáticos

A utilização de testes automáticos (Automated Testing) deve ser prioritária para evitar ao máximo testagem e verificação manual. Para tal, em Java podem por exemplo ser usados frameworks como o Spock ou o JUnit.

As principais componentes de um teste automático são:

  • Setup: inicialização do sistema com o caso a testar (como os respetivos inputs e outputs);
  • Call: chamada da função ou do objeto a ser testado;
  • Assertion: comparação do resultado da Call com o valor esperado, tendo o teste sucesso caso a comparação seja verdadeira e falhado caso contrário.
Exemplos de testes automáticos

Considerando os seguintes testes automáticos, em que o primeiro testa um objeto e o segundo testa o valor de uma operação:

def "Should be able to remove from list"() {
  given:
    def list = [1, 2, 3, 4]
  when:
    list.remove(0)
  then:
    list == [2, 3, 4]
}
def "a number to the power of another"(int a, int b, int c) {
  expect:
    Math.pow(a, b) == c
  where:
    a | b | c
    1 | 2 | 1
    2 | 2 | 4
    3 | 2 | 9
}

Vemos que um teste pode ser constituído por cinco blocos:

  • o bloco given declara todas as todas as variáveis e informações necessárias para a execução do teste, sendo parte do Setup;
  • o bloco when chama o método ou operação a ser testado, sendo parte do Call;
  • o bloco then compara o resultado esperado com o resultado obtido, sendo parte do Assertion;
  • o bloco expect chama a operação a ser testada e compara logo o resultado, sendo parte do Call e do Assertion;
    • Este bloco só é usado para comparações simples, onde muitas vezes nem é necessário o bloco given, pelo que o uso de blocos when e then é preferível quando há uma maior distinção entre a ação e o resultado.
  • o bloco where normalmente define uma tabela de dados para utilizar como inputs diferentes para o mesmo teste, sendo que o teste só tem sucesso se tiver sucesso para todos os dados da tabela.

Test Doubles

Os test doubles são objetos falsos que são usados no lugar de objetos verdadeiros em testes.
Estes podem ser:

  • Dummy objects: são passados como argumentos de funções, mas nunca são usados;
  • Fake objects: têm implementação funcional, mas algum aspeto seu torna-os inviáveis para utilização externa;
  • Stubs: retornam respostas pré-definidas quando são chamados em testes, não respondendo a nada além daquilo para que foram programados;
  • Spies: são stubs que guardam alguma informação sobre como foram chamados;
  • Mocks: objetos pré-programados com expectativas de como se devem comportar quando forem chamados.

Estes têm a vantagem de isolar os testes a uma única unidade, de diminuir as dependências ao efetuar testes e também simular casos difíceis de gerar.

Análise e Inspeção de Software

É prática comum haver um grupo de pessoas que analisa partes ou todo um sistema de software (desde o código, ao design, às especificações, aos testes), assim como toda a documentação associada. Idealmente, essa revisão deve ser feita aos poucos, uma feature de cada vez, porque senão há de demorar mais tempo e será mais difícil para quem está a analisar.

Inspecionar o código de um programa é importante para:

  • encontrar bugs, comportamentos inesperados e features impossíveis de implementar;
  • garantir que os programadores não falsificaram, não aplicaram más práticas e seguiram as guidelines definidas;
  • orientar novos colaboradores, ajudando-os a perceber potenciais erros que tenham cometido.

A inspeção de código pode ser feita através das seguintes formas:

  • Alternar entre revisores e autores;
  • Processo social: expor a todos os erros dos autores;
  • Gestão humana: não focar demasiado nos aspetos negativos, ser educado e respeitoso;
  • Ajudar a perceber os erros e dizer como se pode melhorar.

Todas estas práticas fazem com que a qualidade de código melhore com o tempo.