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Economia: Ambiente e Alterações Climáticas

Contexto

Graças ao progresso tecnológico crescente e à globalização, houve uma rápida subida dos padrões de vida da população, exigindo uma maior e mais profunda extração dos recursos naturais e impactando negativamente o meio ambiente.

No entanto, à medida que a procura aumentou, as tecnologias de extração tornaram-se mais eficientes, diminuindo o custo de extração, pelo que os preços dos bens (ajustados da inflação) mantiveram-se constantes.

O crescimento económico, o progresso tecnológico e o aumento dos padrões de vida ocorreram à custa do equilíbrio do meio ambiente

Os efeitos de algumas mudanças podem ainda ser ainda mais reforçados no contexto de processos de feedback.

Processo de feedback: mudanças que se alimentam a si próprias através de um ciclo. Um exemplo corresponde à desflorestação:

  1. A desflorestação intensiva reduz a precipitação, aumentando o risco de seca;
  2. Secas severas aumentam o risco de incêndio;
  3. Incêndios reduzem ainda mais a área florestal, repetindo-se o ciclo.

Alterações Climáticas

É de consenso geral que nos temos de preocupar com as alterações climáticas. No entanto, este é um problema com o qual é particularmente difícil de lidar, dado que:

  • Limitar as emissões de CO2\op{CO}_2 não é suficiente. As emissões são uma variável fluxo, enquanto queremos diminuir a variável stock
  • Pode não ser facilmente reversível (ou até mesmo irreversível)
  • Requer cooperação global, entre vários países
  • Existem conflitos de interesse, tanto entre países como entre gerações
  • O worst-case scenario é catastrófico

Tal como referido, o maior obstáculo à redução do impacto no clima são os conflitos de interesse, dado que os custos de redução não são igualmente partilhados por toda a sociedade.

O princípio do poluidor-pagador (polluter pays principle) consiste exatamente no que o nome sugere; quem polui paga. Na prática, isto nem sempre é possível, tanto porque questões de justiça (e.g. casos onde quem polui mais são os mais desfavorecidos por não terem outras opções) ou por questões de eficiência (e.g. não é possível controlar quem está a poluir, tornando-se mais fácil o uso de subsídios/impostos).

Da mesma maneira, os poluidores podem nunca enfrentar a poluição que causaram, pelo que a distribuição dos ganhos resultantes depende do poder de negociação dos grupos envolvidos. Por sua vez, o poder de negociação depende de:

  • Informações verificáveis;
  • Consenso em relação à qualidade ambiental;
  • Lobbies das empresas;
  • Direitos e licenças de poluição;
  • Capacidade de forçar o cumprimento.

Políticas de Redução

Como forma de combater as alterações climáticas, pode-se instaurar políticas de redução (abatement policies). A escolha destas políticas depende de vários fatores, entre os quais o valor dado ao meio ambiente (pelos cidadãos, por exemplo) e os custos dessa redução (incluindo custos de oportunidade).

Existem dois tipos de políticas de redução:

  • Políticas baseadas no preço, isto é, utilizam impostos e subsídios para influenciar os custos da poluição. Assim, internalizam os efeitos externos da poluição provenientes de escolhas individuais.
  • Políticas baseadas na quantidade, isto é, proíbem-se (bans) certas ações, instauram-se limites (caps) e/ou regulação.

Cap and Trade

Um sistema Cap and Trade combina ambos os tipos de políticas (baseadas no preço e na quantidade). O Governo impõem o limite máximo de poluição, criando depois licenças que são vendidas (ou, frequentemente, leiloadas) às empresas para poderem poluir. À medida que o limite máximo de poluição vai diminuindo, o preço das licenças aumenta.

As empresas podem também vender e comprar as licenças entre si, criando assim um mercado. As empresas negoceiam até o preço atingir o equilíbrio (resultado pareto-eficiente) e a redução é feita pelas empresas com menor custo de abatimento.

Este sistema também tem as suas limitações. Por exemplo, determinar o nível de poluição a reduzir não é fácil e o próprio conceito de colocar um preço sobre o direito a poluir pode ser mal interpretado.

Procura e oferta num sistema Cap and Trade

Desafios

Combater as alterações climáticas consiste num dos maiores objetivos da humanidade atualmente. No entanto, este desafio apresenta várias adversidades associadas:

  • As pessoas tendem a valorizar mais a economia do que o meio ambiente;
  • As gerações futuras são ignoradas e desprezadas na tomada de decisões;
  • Requer cooperação internacional, o que pode incorrer em situações como o Dilema do Prisioneiro.

Dilema do Prisioneiro

O Dilema do Prisioneiro consiste num modelo de jogo que ilustra um conflito entre interesses privados e interesses sociais, em que cada jogador tende a seguir os seus interesses. Se ambos os agentes colaborarem ou forem egoístas, são ambos penalizados, enquanto que, se apenas um dos jogadores for egoísta, esse sai a ganhar e o outro é penalizado.

Dilema do Prisioneiro

Porém, existem também as Políticas Win-Win, quando o trade-off entre consumo e ambiente não existe. Ou seja, o consumo não destrói ou promove o bem-estar ambiental. Um exemplo é o isolamento térmico das casas, o qual reduz a procura por energia e, assim, diminui a produção de energia e todos os impactos negativos causados por essa indústria.

Custos e Benefícios Ambientais

A medição dos impactos ambientais pode ser feita das seguintes maneiras:

  • Avaliação contingente: utilização de inquéritos para avaliar o valor de recursos que não passam pelo mercado. É uma abordagem de preferência declarada, ou seja, assume que os entrevistados são honestos nas suas declarações.
  • Preço hedónico: utilizar preços de bens transacionados no mercado para inferir o valor económico de atributos que não têm preço. É uma abordagem de preferência relativa, ou seja, o comportamento da população é usado para determinar as suas preferências.

O progresso tecnológico atua como uma ferramenta para atenuar impactos ambientais, tornando a redução mais eficiente ou reduzindo custos ambientais de consumo. O progresso pode ser incentivado através de fatores como rendas de inovação, subsídios e economias de aprendizagem.

A tributação de empresas é também uma maneira de reduzir custos ambientais, visto que os impostos podem criar rendas de inovação ao alterarem os preços relativos, promovendo a inovação do setor privado. A tributação dos consumidores pode também ser usada, dado que a alteração do valor dos bens aos olhos dos consumidores cria mudanças no estilo de vida. Por isso, os impostos são também uma fonte de informação sobre a necessidade de mudança de comportamento.

Dinâmica Ambiental

Um ambiente saudável e um ambiente degradado são ambos equilíbrios possíveis resultantes dos efeitos da economia sobre o ambiente. A sustentabilidade ambiental é favorecida através de ciclos virtuosos, enquanto que catástrofes ambientais são causadas por ciclos viciosos.

Ciclos Virtuoso e Vicioso