Economia: Ambiente e Alterações Climáticas
Contexto
Graças ao progresso tecnológico crescente e à globalização, houve uma rápida subida dos padrões de vida da população, exigindo uma maior e mais profunda extração dos recursos naturais e impactando negativamente o meio ambiente.
No entanto, à medida que a procura aumentou, as tecnologias de extração tornaram-se mais eficientes, diminuindo o custo de extração, pelo que os preços dos bens (ajustados da inflação) mantiveram-se constantes.
O crescimento económico, o progresso tecnológico e o aumento dos padrões de vida ocorreram à custa do equilíbrio do meio ambiente
Os efeitos de algumas mudanças podem ainda ser ainda mais reforçados no contexto de processos de feedback.
Processo de feedback: mudanças que se alimentam a si próprias através de um ciclo. Um exemplo corresponde à desflorestação:
- A desflorestação intensiva reduz a precipitação, aumentando o risco de seca;
- Secas severas aumentam o risco de incêndio;
- Incêndios reduzem ainda mais a área florestal, repetindo-se o ciclo.
Alterações Climáticas
É de consenso geral que nos temos de preocupar com as alterações climáticas. No entanto, este é um problema com o qual é particularmente difícil de lidar, dado que:
- Limitar as emissões de não é suficiente. As emissões são uma variável fluxo, enquanto queremos diminuir a variável stock
- Pode não ser facilmente reversível (ou até mesmo irreversível)
- Requer cooperação global, entre vários países
- Existem conflitos de interesse, tanto entre países como entre gerações
- O worst-case scenario é catastrófico
Tal como referido, o maior obstáculo à redução do impacto no clima são os conflitos de interesse, dado que os custos de redução não são igualmente partilhados por toda a sociedade.
O princípio do poluidor-pagador (polluter pays principle) consiste exatamente no que o nome sugere; quem polui paga. Na prática, isto nem sempre é possível, tanto porque questões de justiça (e.g. casos onde quem polui mais são os mais desfavorecidos por não terem outras opções) ou por questões de eficiência (e.g. não é possível controlar quem está a poluir, tornando-se mais fácil o uso de subsídios/impostos).
Da mesma maneira, os poluidores podem nunca enfrentar a poluição que causaram, pelo que a distribuição dos ganhos resultantes depende do poder de negociação dos grupos envolvidos. Por sua vez, o poder de negociação depende de:
- Informações verificáveis;
- Consenso em relação à qualidade ambiental;
- Lobbies das empresas;
- Direitos e licenças de poluição;
- Capacidade de forçar o cumprimento.
Políticas de Redução
Como forma de combater as alterações climáticas, pode-se instaurar políticas de redução (abatement policies). A escolha destas políticas depende de vários fatores, entre os quais o valor dado ao meio ambiente (pelos cidadãos, por exemplo) e os custos dessa redução (incluindo custos de oportunidade).
Existem dois tipos de políticas de redução:
- Políticas baseadas no preço, isto é, utilizam impostos e subsídios para influenciar os custos da poluição. Assim, internalizam os efeitos externos da poluição provenientes de escolhas individuais.
- Políticas baseadas na quantidade, isto é, proíbem-se (bans) certas ações, instauram-se limites (caps) e/ou regulação.
Cap and Trade
Um sistema Cap and Trade combina ambos os tipos de políticas (baseadas no preço e na quantidade). O Governo impõem o limite máximo de poluição, criando depois licenças que são vendidas (ou, frequentemente, leiloadas) às empresas para poderem poluir. À medida que o limite máximo de poluição vai diminuindo, o preço das licenças aumenta.
As empresas podem também vender e comprar as licenças entre si, criando assim um mercado. As empresas negoceiam até o preço atingir o equilíbrio (resultado pareto-eficiente) e a redução é feita pelas empresas com menor custo de abatimento.
Este sistema também tem as suas limitações. Por exemplo, determinar o nível de poluição a reduzir não é fácil e o próprio conceito de colocar um preço sobre o direito a poluir pode ser mal interpretado.
Desafios
Combater as alterações climáticas consiste num dos maiores objetivos da humanidade atualmente. No entanto, este desafio apresenta várias adversidades associadas:
- As pessoas tendem a valorizar mais a economia do que o meio ambiente;
- As gerações futuras são ignoradas e desprezadas na tomada de decisões;
- Requer cooperação internacional, o que pode incorrer em situações como o Dilema do Prisioneiro.
Dilema do Prisioneiro
O Dilema do Prisioneiro consiste num modelo de jogo que ilustra um conflito entre interesses privados e interesses sociais, em que cada jogador tende a seguir os seus interesses. Se ambos os agentes colaborarem ou forem egoístas, são ambos penalizados, enquanto que, se apenas um dos jogadores for egoísta, esse sai a ganhar e o outro é penalizado.
Porém, existem também as Políticas Win-Win, quando o trade-off entre consumo e ambiente não existe. Ou seja, o consumo não destrói ou promove o bem-estar ambiental. Um exemplo é o isolamento térmico das casas, o qual reduz a procura por energia e, assim, diminui a produção de energia e todos os impactos negativos causados por essa indústria.
Custos e Benefícios Ambientais
A medição dos impactos ambientais pode ser feita das seguintes maneiras:
- Avaliação contingente: utilização de inquéritos para avaliar o valor de recursos que não passam pelo mercado. É uma abordagem de preferência declarada, ou seja, assume que os entrevistados são honestos nas suas declarações.
- Preço hedónico: utilizar preços de bens transacionados no mercado para inferir o valor económico de atributos que não têm preço. É uma abordagem de preferência relativa, ou seja, o comportamento da população é usado para determinar as suas preferências.
O progresso tecnológico atua como uma ferramenta para atenuar impactos ambientais, tornando a redução mais eficiente ou reduzindo custos ambientais de consumo. O progresso pode ser incentivado através de fatores como rendas de inovação, subsídios e economias de aprendizagem.
A tributação de empresas é também uma maneira de reduzir custos ambientais, visto que os impostos podem criar rendas de inovação ao alterarem os preços relativos, promovendo a inovação do setor privado. A tributação dos consumidores pode também ser usada, dado que a alteração do valor dos bens aos olhos dos consumidores cria mudanças no estilo de vida. Por isso, os impostos são também uma fonte de informação sobre a necessidade de mudança de comportamento.
Dinâmica Ambiental
Um ambiente saudável e um ambiente degradado são ambos equilíbrios possíveis resultantes dos efeitos da economia sobre o ambiente. A sustentabilidade ambiental é favorecida através de ciclos virtuosos, enquanto que catástrofes ambientais são causadas por ciclos viciosos.