Esta distribuição é normalmente usada em situações em que há um intervalo de possíveis resultados de um evento equiprováveis.
Dizemos que uma VA contínua X tem uma distribuição uniforme contínua e representamos X∼uniformecontıˊnua(a,b) se, dados os parâmetros:
a,b: limites do intervalo (a,b∈R)
satisfizer:
Contradomínio: [a,b] Função de Probabilidade
P(X=x)={b−a1,0,x∈[a,b]x∈/[a,b]
Uma VA X com distribuição uniforme contínua tem:
Valor Esperado: E(X)=2a+b Variância: V(X)=12(b−a)2
Exemplo
O Humberto trabalha na RNL.
O Humberto tem um turno definido entre as 10h e as 12h.
Como o Humberto tem problemas com alarmes, a hora a que ele chega ao trabalho é uniformemente distribuída pelo turno todo.
Sendo assim, temos que
X∼uniformemente contıˊnua(10,12)
A função de probabilidade desta VA é
P(X=x)={21,0,x∈[10,12]x∈/[10,12]
e o seu valor esperado e variância são:
E(X)=210+12=11V(X)=12(12−10)2=31
Propriedades da distribuição uniforme contínua:
Uma VA X com distribuição uniforme contínua tem função de distribuição dada por
FX(x)=⎩⎨⎧0,b−ax−a,1,x<ax∈[a,b]x>b
Dois intervalos com a mesma amplitude têm a mesma probabilidade de acontecer. Isto é, para Δ∈R+ e c,d∈[a,b−Δ] temos que:
P(c≤x≤c+Δ)=P(d≤x≤d+Δ)=b−aΔ
Distribuição Exponencial
Esta distribuição é normalmente usada para atribuir uma probabilidade ao tempo que um evento demora a acontecer.
Dizemos que uma VA contínua X tem uma distribuição exponencial e representamos X∼exponencial(λ) se, dados os parâmetros:
λ∈R0+: valor esperado do tempo até o evento acontecer
satisfizer:
Contradomínio: R0+ Função de Probabilidade
P(X=x)={λe−λx,0,x≥0x<0
Uma VA X com distribuição exponencial tem:
Valor Esperado: E(X)=λ1 Variância: V(X)=λ21
Exemplo
Lançamos um dado ao ar.
Considere-se a VA X que mede o tempo, em segundos, que o dado demora a cair sobre a superfície da mesa.
Assuma-se que o valor esperado desta medição é de 2 segundos.
Então:
X∼exponencial(2)
A função de probabilidade desta VA é
P(X=x)={2e−2x,0,x<0x≥0
e o seu valor esperado e variância são
E(X)=21V(X)=221=41
Propriedades da distribuição exponencial:
A distribuição exponencial tem função de distribuição dada por
FX(x)={0,1−e−λx,x<0x≥0
Propriedade da Falta de Memória: Dada uma VA com distribuição exponencial X, temos que, ∀k,x∈Z+:
P(X>k+x∣X>k)=P(X>x)
Por outras palavras, a VA Y=X−k∣X>k é tal que
Y∼exponencial(p)
Processo de Poisson: Damos o nome de Processo de Poisson a uma coleção de VA's {Nt:t∈R+} que registam o número de ocorrências de um certo evento no intervalo ]0,1] tal que:
O número de ocorrências em intervalos disjuntos são VA independentes;
O número de ocorrências em intervalos de amplitude igual satisfazem a mesma distribuição;
Nt∼Poisson(λt)
Podemos então concluir que a VA Xt que determina o tempo entre duas ocorrências do evento satisfaz
Xt∼exponencial(λ)
Esta última propriedade também aparece muito raramente em exercícios, sendo pouco provável que apareça em alguma avaliação que não oral.
Distribuição Normal
Esta distribuição é usada para... tipo quase tudo.
Dizemos que uma VA contínua X tem uma distribuição normal e representamos X∼normal(μ,σ2) se, dados os parâmetros:
μ=E(X)∈R
σ2=V(X)∈R0+
satisfizer:
Contradomínio: R Função de Probabilidade
P(X=x)=2πσ1e−2σ2(x−μ)2
Uma VA X com distribuição normal tem:
Valor Esperado: E(X)=μ Variância: V(X)=σ2
Exemplo
Considere-se a VA X que regista a altura de um português aleatório.
Assumindo que a altura dos portugueses satisfaz uma distribuição normal com valor esperado 1.75m e variância 30cm temos que:
X∼normal(1.75,0.3)
A função de probabilidade desta VA é
P(X=x)=0.6π1e−0.6(x−1.75)2,x∈R
e o seu valor esperado e variância são 1.75m e 0.3m.
Propriedades da distribuição normal:
O integral ∫−∞x2πσ1e−2σ2(t−μ)2dt não tem forma fechada, pelo que a distribuição normal não tem uma função de distribuição que possa ser escrita em forma fechada. Sendo assim, os valores desta função têm de ser obtidos por consulta de tabelas. Esta consulta é facilitada pela próxima propriedade;
X∼normal(μ,σ2)⇔aX+b∼normal(aX+b,a2σ2)
Consequentemente, X∼normal(μ,σ2)⇔σX−μ∼normal(0,1).
Desta forma, para qualquer VA X com distribuição normal, é sempre possível fazer uma transformação linear de forma a obter uma VA com distribuição normal centrada em 0 e com variância 1.
À distribuição normal centrada em 0 com variância 1 dá-se o nome de distribuição normal padrão. A sua função de distribuição representa-se por Φ(x) e é dada por
Φ(x)=∫−∞x2π1e−2t2dt
A distribuição normal padrão satisfaz Φ(x)+Φ(−x)=1,∀x∈R, pelo que as tabelas estatísticas só precisam de ter os valores desta função para x positivo.
Como obter FX(x) através da tabela
Para uma distribuição X∼normal(23,0.12) queremos saber o valor de P(X≤23.045).
Sabendo que X∼normal(μ,σ2)⇔Z=σX−μ∼normal(0,1) e que os valores da função
Φ(x)=P(Z≤x)=∫−∞x2π1e−2t2dt
podem ser consultados numa tabela estatística, temos então uma forma de calcular a probabilidade pretendida.
Temos que P(X≤23.045)=P(0.1X−23≡σX−μ≤0.123.045−23)=Φ(0.45)
Indo ver à tabela, concluímos que Φ(0.45)=0.6736, pelo que P(X≤23.045)=0.6736.
Observe-se que a tabela não permite consultar a função Φ em valores negativos.
Nesse caso, basta aproveitarmo-nos do facto que Φ(−x)=1−Φ(x) e depois consultar a tabela.