👉 Para qualquer função polinomial de grau n∈N0 que têm todas as derivadas definidas em R, tem-se f(k)(x)=0 para qualquer k>n e qualquer x∈R.
Determinação de derivadas de ordem n
As derivadas de ordem n de algumas funções são intuitivamente obtidas (para n∈N0):
f(x)=eax então f(n)(x)=aneax
f(x)=sin(ax) então f(n)(x)=ansin(2nπ+ax)
A demonstração por indução da derivada de ordem n da função exponencial encontra-se no PDF da aula 17, páginas 1 e 2.
Fórmula de Leibnitz
Fórmula de Leibnitz para a derivada de ordem n do produto
Sejam f e g duas funções com derivada até à ordem n numa vizinhança do ponto x0. Então, o produto f⋅g é n vezes diferenciável numa vizinhança de x0 e:
(f⋅g)(n)(x0)=k=0∑n[(nk)f(n−k)(x0)g(k)(x0)]
(nk)=nCk=(n−k)!⋅k!n!
Então, se por exemplo, considerarmos a função h(x)=x2eax, temos:
Logo, pela Fórmula de Leibnitz, obtém-se o seguinte resultado para a derivada de ordem n de h, visto que apenas os três primeiros termos são não nulos, por (a).
O polinómio aproxima a função suficientemente bem para que o quociente entre a diferença entre eles e x−x0, que é um infinitésimo, ainda tende para 0 quando x→x0.
Assim, obtemos uma expressão para os coeficientes da função polinomial que tem contacto de ordem n com a função f:
ak=k!f(k)(x0)k=0,1,…,n
Polinómio de Taylor
Juntado os coeficientes obtidos acima, podemos obter o polinómio de Taylor:
Seja f uma função com derivadas até à ordem n numa vizinhança de x0∈R. Chama-se polinómio de Taylor de ordem n da função f, relativo ao ponto x0, ou em torno do ponto x0 ao polinómio
Pf,x0,n(x)=k=0∑nak(x−x0)k
onde
ak=k!f(k)(x0)k=0,1,…,n
O polinómio de Taylor de ordem n, relativo a x0, existe para qualquer função de ordem Cn−1(Vr(x0)) que tenha derivada de ordem n em x0 e que esse polinómio é único.
Exemplo
Podemos aproximar a função seno, junto da origem, construindo um polinómio de Taylor de ordem 4. Seja então f(x)=sinx, x0=0 e n=4.
👉 Podem-se tirar duas conclusões ao analisar este exemplo:
A construção do polinómio é uma tarefa mecânica, muito simples.
Sem a indicação da ordem do polinómio, ser-se-ia levado a acreditar que se tratava de um polinómio de terceira ordem, visto que os polinómios de terceira e quarta ordem coincidem, pois ambos têm grau 3.
Teorema/Fórmula de Taylor
Sejam n∈N+, x0∈R e f uma função de classe C(n−1)(Vr(x0)), para algum r∈R+, com derivada de ordem n em Vr(x0).
Então, f(x)=Pn(x)+Rn(x) onde Pn(x) é o polinómio de Taylor de ordem n da função f em torno do ponto x0 e Rn(x) satisfaz
limx→x0(x−x0)nRn(x)=0
Chama-se à função Rn, resto de ordem n da fórmula de Taylor para a função f no ponto x0.
Simplificando, quando se aproxima uma função através de um polinómio de Taylor, existe um resto, Rn(x), que corresponde à diferença entre o valor real da função e o valor aproximado pelo polinómio de Taylor.
warning
Quando x0=0, frequentemente chama-se fórmula, resto e polinómio de MacLaurin em vez de fórmula, resto e polinómio de Taylor.
Restos
Tal como indicado acima, existe um resto associado ao Teorema de Taylor. Existem várias maneiras de calcular este resto, dependendo do problema em questão:
Resto de Lagrange
Sejam n∈N+, x0∈R e f uma função de classe C(n)(Vr(x0)), para algum r∈R+, tal que f(n) é diferenciável em Vr(x). Então, o resto de ordem n da fórmula de Taylor é dado por:
Rn(x)=(n+1)!f(n+1)(c)⋅(x−x0)n+1
para algum c tal que ∣c−x0∣<∣x−x0∣.
Resto de Peano
Sejam n∈N+, x0∈R e f uma função de classe C(n)(Vr(x0)), para algum r∈R+, tal que f(n) é diferenciável em Vr(x). Então, o resto de ordem n da fórmula de Taylor é dado por:
Rn(x)=((n+1)!f(n+1)(x0)+αn(x))(x−x0)n+1
onde x→x0limαn(x)=0.
warning
O αn(x) é algo que vai mesmo ficar no resultado final, não dá para descobrir, apenas sabemos que tende para zero em x0.
Para calcular limites, usa-se maioritariamente o Resto de Peano. Para outros casos, usa-se o Resto de Lagrange.
Resto de Cauchy
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Raramente se usa este resto.
Sejam n∈N+, x0∈R e f uma função de classe C(n)(Vr(x0)), para algum r∈R+, tal que f(n) é diferenciável em Vr(x). Então, o resto de ordem n da fórmula de Taylor é dado por:
Rn(x)=n!f(n+1)(c)⋅(x−c)n(x−a)
para algum c tal que ∣c−x0∣<∣x−x0∣.
Exemplo
Para escrever a fórmula de MacLaurin para f(x)=sh(ax), com resto de ordem 4, começa-se por determinar o polinómio de MacLaurin de ordem 4 para f.
Aplicando a fórmula dos coeficientes do polinómio de Taylor:
a0=0,a1=a,a2=0,a3=6a3,a4=0P4(x)=ax+6a3x3
De seguida, calcula-se o resto de Lagrange. Por definição:
f(5)(c)=a5ch(ac)R4(x)=120a5ch(ac)x5,∣c∣<∣x∣
Logo, como f(x)=Pn(x)+Rn(x):
f(x)=ax+6a3x3+120a5ch(ac)x5,x∈R,∣c∣<∣x∣
Como podemos observar, a aproximação da função perto de x0=0 é bastante boa, até porque R(x) é praticamente zero.
Majorar o erro
Seguindo o exemplo anterior, podemos majorar o erro, isto é, descobrir o valor máximo do resto numa vizinhança de x0.
Escolhemos, por exemplo, V21(0) e a=2:
ϵ=∣f(x)−P4(x)∣=∣R4(x)∣=12032ch(2c)x5
Como ∣c∣<∣x∣<21, e ch(2x) é crescente em R+ e ch(2⋅21)<47, pode-se majorar o erro por:
ϵ<4807=12032×47×(21)5
Assim, uma das grandes utilidades do Resto de Lagrange é majorar o erro cometido ao aproximar a função pelo polinómio.
Cálculo de limites
Para calcular limites, usa-se normalmente o Resto de Peano.
Considerando o seguinte limite:
x→0limx56sh(2x)−12x−8x3
Facilmente se conclui que se trata de uma indeterminação. No entanto, seria complicado de levantar esta indeterminação pela Regra de Cauchy, porque se teria de a aplicar cinco vezes. Assim, pode-se recorrer ao Resto de Peano.
Assim, uma das grandes utilidades do Resto de Peano é o cálculo de limites.
Teorema de Taylor para os extremos
Tal como já foi referido anteriormente, o conjunto dos extremantes locais (de uma função diferenciável em todo o seu domínio) está sempre contido no conjunto dos zeros da sua derivada. A estes pontos (pontos onde a primeira derivada é nula), chamam-se pontos de estacionariedade da função, ou, pontos críticos da função.
Podemos usar o seguinte Teorema para verificar se uma função tem um extremo num ponto:
Seja f uma função de classe Cn, n≥1 numa vizinhança de um ponto x0∈R tal que
f′(x0)=f′′(x0)=⋯=f(n−1)(x0)=0f(n)(x0)=0
Então, pode-se concluir o seguinte:
Se n é par:
Se f(n)(x0)>0, x0 é minimizante local
Se f(n)(x0)<0, x0 é maximizante local
Se n é ímpar:
Se f(n)(x0)>0, f é crescente numa vizinhança de x0
Se f(n)(x0)<0, f é decrescente numa vizinhança de x0
Nada se pode concluir no caso em que uma função tem as derivadas todas nulas num ponto.
👉 A demonstração do teorema encontra-se no PDF da aula 18, páginas 5 a 7.
Concavidade
Pode definir-se formalmente a concavidade de uma função do seguinte modo:
Seja f uma função diferenciável num ponto x0∈R. Diz-se que:
f é convexa em x0 se f(x)−f(x0)−f′(x0)(x−x0)≥0 nalguma vizinhança de x0. Também se diz, nesse caso, que o gráfico de f tem a concavidade virada para cima.
f é côncava em x0 se f(x)−f(x0)−f′(x0)(x−x0)≤0 nalguma vizinhança de x0. Também se diz, nesse caso, que o gráfico de f tem a concavidade virada para baixo.
f tem um ponto de inflexão em x0 se f(x)−f(x0)−f′(x0)(x−x0)≤0 numa das semi-vizinhanças laterais de x0 e f(x)−f(x0)−f′(x0)(x−x0)≥0 na outra.
Pela definição, não é necessário ter a segunda derivada para calcular a concavidade.
Teorema de Taylor para as concavidades
Seja f uma função de classe Cn, n≥2 numa vizinhança de um ponto x0∈R, tal que