O PDF da aula 27, páginas 1-2 começa com um exemplo do Paradoxo de Zenão, que pode ajudar a perceber melhor o conceito de série.
Dada uma sucessão de números reais (un), chama-se série de termo geral un, e escreve-se
n=1∑∞un
à soma de todos os termos de (un).
Se essa soma for finita (un) diz-se somável e a série diz-se convergente, caso contrário a sucessão diz-se não somável e a série é divergente.
Quando a série é convergente, chama-se soma da série à soma de todos os termos de (un).
Uma série não é nada mais nada menos do que a soma infinita de todos os termos de uma sucessão.
Como a dificuldade do estudo de uma série é proveniente de a soma ser de infinitos termos, considera-se assim as somas de um número finito de termos.
Sucessão de somas parciais de uma série
Seja (un) uma sucessão de números reais. Chama-se sucessão das somas parciais da série de termo geral un à sucessão cujo termo de ordem n é dado por:
Sn=k=1∑nuk
A série de termo geral un é convergente se e só se (Sn) é uma sucessão convergente. Nesse caso chama-se soma da série ao limite de (Sn), o qual representa, naturalmente, a soma de todos os termos de (un).
Assim, quando Sn→S∈R, a série converge e:
n=1∑∞un=S
Também de pode escrever o mesmo para R, mas neste caso a série é divergente.
Define-se sucessão de somas parciais de uma série(Sn) como uma sucessão em que cada termo é a soma até n termos de (un).
Por exemplo:
S2 seria a soma dos dois primeiros termos de (un): S2=u1+u2.
Caso esta sucessão (Sn) tenha limite finito, a série é convergente, e o limite corresponde à soma da série.
Natureza de uma série
Já se observou que uma série pode ser convergente ou divergente.
Os termos iniciais de uma série não alteram a sua natureza (porém alteram o valor da sua soma), logo podemos estudar o seu comportamento apenas para n>>.
Fixando um p∈N+:
Sn=k=1∑puk+k=p+1∑nuk
em que o primeiro termos é uma constante, para n>p. Então, a sucessão converge, se e só se o segundo termo é uma sucessão convergente.
👉 Representação de série de termo geral un:∑un.
Critérios de convergência
Condição necessária de convergência
Seja un o termo geral de uma série convergente. Então, un→0.
No entanto, isto é apenas uma condição necessária e não uma condição suficiente, logo não se pode concluir a convergência de uma série a partir do facto de o termo geral ser um infinitésimo.
Se uma série é convergente, então un→0. Nada se pode concluir a partir de un→0.
No entanto, permite concluir que se o termo geral não é um infinitésimo, então a série diverge.
Exemplos
∑(1+n1)n
Como o termo geral tende para e, a série é divergente.
∑cos(n1)
Como o termo geral tende para 1, a série é divergente.
∑n1
Como o termo geral tende para 0 (infinitésimo), nada se pode concluir pelo critério acima.
Resto de Ordem n
Seja (un) uma sucessão de números reais somáveis. Chama-se resto de ordem n da série de termo geral un à sucessão cujo termo de ordem n é dado por
rn=k=n+1∑∞uk
Se (un) é somável, então, (rn) é um infinitésimo.
Chama-se resto de ordem n à diferença entre o valor da soma de uma série e o valor de Sn. Caso a série seja convergente, o resto tende para zero (infinitésimo).
Por exemplo:
Sendo S2=u1+u2, então r2=u3+u4+⋯+un=∑k=3∞uk.
Soma de séries
Sejam α∈R e duas séries convergentes
n=1∑∞an en=1∑∞bn
A série soma das suas séries é a série convergente cujo termo geral é an+bn.
A série multiplicação da série de termo geral an por α é a série convergente cujo termo geral é αan.
O conjunto de séries convergentes é um espaço linear de dimensão infinita.
Como a natureza de uma série não depende dos primeiros termos, pode definir-se a série soma de, com p1=p2:
n=p1∑∞an en=p2∑∞bn
Supondo que p1<p2, a série soma pode ser definida por:
n=p1∑p2−1an+n=p2∑∞(an+bn)
👉 Apenas se pode realizar soma de séries entre séries convergentes.
As somas entres todas as outras séries não estão definidas, mas pode-se somar o termo geral para obter uma nova série, tal que:
A soma do termo geral de uma série convergente com o termo geral de uma série divergente é sempre o termo geral de uma série divergente.
A soma dos termo gerais de duas séries divergentes pode ser o termo geral de uma série convergente ou divergente.
Exemplos
Considerando as séries convergentes (porque são geométricas):
n=1∑∞3⋅2−nen=1∑∞2⋅3−n
A soma destas duas séries é uma série convergente, de termo geral 6(2−n−1+3−n−1).
Considerando as seguintes séries, a primeira convergente e a segunda divergente.
n=1∑∞3⋅2−nen=1∑∞cos(n1)
A soma destas séries não está definida, mas sabe-se que a série de termo geral 3⋅2−n+cos(n1) é uma série divergente.
Considerando as seguinte séries, ambas divergentes.
n=1∑∞[3⋅2−n+cos(n1)]en=1∑∞−cos(n1)
A soma destas séries não está definida, e não é imediato qual a natureza da série cujo termo geral é a soma dos termos gerais destas duas séries.
Podemos, no entanto, reconhecer que vai ser uma série convergente, porque a soma dos termos gerais vai ser 3⋅2−n, cuja convergência da série já foi estudada.
Considerando as seguinte séries, ambas divergentes.
n=1∑∞3cos(n1)en=1∑∞cos(n1)
A soma destas séries não está definida, e não é imediato qual a natureza da série cujo termo geral é a soma dos termos gerais destas duas séries.
No entanto, podemos reparar que a soma dos termos gerais (4cos(n1)) não é um infinitésimo, logo a série cujo termo geral é a soma dos termos gerais das duas séries acima, é divergente.
Série Geométrica
Define-se como série geométrica qualquer série da forma
n=p∑∞(K⋅rn)
com K,r∈R.
Uma série geométrica é convergente se e só se ∣r∣<1 e, nesse caso, a soma da série dada é:
S=1−rK⋅rp
Exemplos
n=1∑∞2n
É divergente, pois ∣r∣>1.
n=1∑∞2×3−n=n=1∑∞2×(31)n
É convergente, pois ∣r∣<1, e a sua soma é S=1−312⋅(31)1=32×23=1.
Série de Mengoli
Uma série de Mengoli é uma série que tem uma das duas formas:
n=p∑∞(un−un+1)oun=p∑∞(un+1−un)
e é convergente se e só se (un) é uma sucessão convergente.
Nesse caso, a sua soma é S=up−limun para o primeiro caso e S=limun−up para o segundo.
Exemplos
n=1∑∞(n+51−n+41)
Logo, é uma série de Mengoli da forma
n=1∑∞(un+1−un)comun=n+41
Como limun=0∈R, a série é convergente e a sua soma é:
u1=1+41=51S=0−51=−51
n=0∑∞(1+e−n1−1+e−n−11)
Logo, é uma série de Mengoli da forma
n=0∑∞(un−un+1)comun=1+e−n1
Como limun=1∈R, a série é convergente e a sua soma é:
u0=1+e01=21S=21−1=−21
n=1∑∞(sin4nπ−sin4(n+1)π)
Também é uma série de Mengoli da forma
n=1∑∞(un−un+1)comun=sin4nπ
No entanto, como a sucessão (un) é divergente, a série é divergente.
Série Redutível
Diz-se que uma série é redutível se existem α∈R\{0} e k,p∈N+ tais que a série se pode escrever na forma
n=p∑∞[α(un−un+k)]
A série é convergente se e só se a sucessão definida por
vn=j=0∑k−1un+j
é uma sucessão convergente. Nesse caso, a soma da série é dada por
S=α(vp−limvn)
Condição suficiente de convergência de uma série redutível
Como a condição de convergência não é muito fácil de verificar, usa-se o seguinte:
Se un→L∈R, então a série redutível
n=p∑∞[α(un−un+k)]
é convergente e a sua soma é
S=α(vp−k⋅L)
Exemplos
n=2∑∞n2+4n+32
Podemos usar a técnica adquirida na Primitivação de Funções Racionais para decompor o termo geral numa soma de frações mais simples.
Que não é de Mengoli, mas é quase, podendo somar e subtrair o termo n+21 para a transformar numa série de Mengoli:
n=2∑∞[(n+11+n+21)−(n+21+n+31)]
Esta é uma série de Mengoli da forma:
n=2∑∞(un−un+1)comun=n+11+n+21
Como un→0∈R, a série é convergente e a sua soma é
u2=2+11+2+21=31+41=127S=127−0=127
Séries de Termos não Negativos
Resumo Critérios de Convergência
👉 Muitas vezes só se consegue estudar a convergência de uma série, não sendo possível determinar a sua soma.
A série é convergente se e só se a sucessão das somas parciais é convergente.
Se o termo geral da série não é um infinitésimo, a série é divergente.
Se o resto de ordem n não é um infinitésimo, a série é divergente.
Se o termo geral da série é a soma de dois termos gerais de séries convergentes, a série é convergente.
Se o termo geral da série é a soma do termo geral de uma série convergente com o termo geral de uma série divergente, a série é divergente.
Se o termo geral é o produto de uma constante real pelo termo geral de uma série convergente, a série é convergente.
Se a série é geométrica, ela converge se e só se a sua razão tem módulo inferior a 1
Se o termo geral da série é da forma un−un+1 a série converge se e só se (un) é convergente.
Critério geral de comparação (CGC)
Se un for não positivo, para n>>, a série de termo geral −un só tem termos não negativos, para n>>, e tem a mesma natureza que a série de termo geral un.
Assim, a partir daqui, estudam-se apenas as séries de termos gerais não negativos, para n>>.
Sejam (an) e (bn) duas sucessões de números reais tais que
0≤an≤bn,n>>
Se a série de termo geral an for divergente, a série de termo geral bn é divergente.
Se a série de termo geral bn for convergente, a série de termo geral an é convergente.
Seja (an) e (bn) tal que 0≤an≤bn,n>>:
Série de an é divergente⟹Série de bn é divergente
Série de bn é convergente⟹Série de an é convergente
Exemplos
Seja a série:
∑∞n!1
Como 2n<<n! pela escala de sucessões, têm-se 2n≤n! para n>>.
Então, para n>>:
0⩽n!1⩽2n1=2−n=(21)n
A série de termo geral 2−n é uma série geométrica de razão 21, sendo convergente, e portanto, pelo CGC, a série de termo geral n!1 também é convergente.
Então, a série é uma série de Mengoli convergente, do tipo
∑∞(un−un+1)comun=n1→0∈R
Então, pelo CGC, a série de termo geral n21 também é convergente.
Seja a série:
∑∞n1
Para qualquer n∈N+:
0⩽n+1+n1⩽n1
Por outro lado,
n+1+n1=(n+1)−nn+1−n=n+1−n
e a série de termo geral n+1−n é da forma:
∑∞(un+1−un)comun=n→+∞
Então, como a série de termo geral n+1+n1 é divergente, pelo CGC, a série de termo geral n1 também é divergente.
Critério de comparação (com recurso ao limite) (CC)
Sejam (an) e (bn) duas sucessões de números reais tais que, para n>>, an≥0 e bn>0.
Então, se
bnan→L∈R+
as séries de termos gerais an e bn têm a mesma natureza.
Se bnan→L∈R+, então as séries de termos gerais an e bn têm a mesma natureza (são ambas convergentes ou ambas divergentes)
Mesmo se o limite for 0 ou +∞, o critério pode permitir alguma conclusão, a partir do CGC, se a sucessão de comparação tiver a natureza apropriada para esse fim.
Se o limite de comparação é 0, então an<bn, para n>>
Se o limite de comparação é +∞, então bn<an, para n>>
Exemplos
Seja a série:
∑∞sinn1
Tem-se que:
n1sinn1→1∈R+
Logo, as séries de termos gerais sinn1 e n1 têm a mesma natureza. Logo, pelos exemplos anteriores, são ambas divergentes.
Seja a série:
∑∞(2nsin3n1)
Tem-se que:
(32)n2nsin3n1=3n1sin3n1→1∈R+
Como a série de termo geral (32)n é uma série geométrica de razão <1, é convergente, e então, a série dada é também convergente.
Seja a série:
∑∞n4+12n2+1
Tem-se que:
n21n4+12n2+1=n4+12n4+n2=1+n−42+n−2→2∈R+
Como a série de termo geral n21 é uma série convergente (como visto nos exemplos anteriores), então, a série dada é também convergente.
Seja a série:
∑∞n!n2−n
Esta série não está nas condições do teorema, pois os seus termos são negativos para n>2, mas tem a mesma natureza que a série com o termo geral simétrico. Logo, estudamos a série:
∑∞n!nn−2
Tem-se que:
n!1n!nn−2=nn−2=1−n2→1∈R+
Como a série de termo geral n!1 é uma série convergente (como visto nos exemplos anteriores), então, a série dada é também convergente.
Série de Dirichlet
Chama-se série de Dirichlet a qualquer série da forma
∑∞nα1,α∈R
A série acima converge se e só se α>1.
Usam-se estas séries como escolha para séries de comparação, quando o termo geral das sucessões dominantes são potências ou quando o termo geral se adequa ao uso de um limite notável (como por exemplo o do sin).
Exemplos
Seja a série:
∑∞sinn1
Tem-se que:
n1sinn1→1∈R+
Como a série de termo geral n1 é divergente (pois é de Dirichlet com α≤1), a série dada também é divergente.
Seja a série:
∑∞2n7+2n2+n+1
Tem-se que, para n7n2=n51 (visto que n2 e n5 são as sucessões dominantes do numerador e denominador, respetivamente):
n7n22n7+2n2+n+1=2+n721+n1+n21→21∈R+
Como a série de termo geral n51 é convergente (pois é de Dirichlet com α>1), a série dada também é convergente.
Seja a série:
∑∞(3n2+1−3n2+3n)
Esta série não está nas condições do teorema, pois todos os seus termos são negativos, mas tem a mesma natureza que a série com o termo geral simétrico. Logo, estudamos a série:
∑∞(3n2+3n−3n2+1)
Como a sucessão dominante dentro de ambas as raízes é a mesma, tem-se de recorrer ao "conjugado":
Como a série de comparação é de Dirichlet com α≤1, são ambas divergentes.
Critério da razão
Seja (an) uma sucessão de números reais positivos. Então,
Se anan+1≤R<1, para n>>, então a série de termo geral an converge.
Se anan+1≥1, para n>>, então a série de termo geral an diverge.
Este é um critério mais teórico, usado para chegar ao Critério de D'Alembert (definido abaixo). A explicação encontra-se no PDF da aula 28, página 9.
Critério de D'Alembert
Seja (an) uma sucessão de números reais positivos tal que existe, em R, o limite:
limanan+1=L∈R0+∪{+∞}
Se L>1, a série de termo geral andiverge
Se L<1, a série de termo geral anconverge
Se L=1, nada se pode concluir
Este critério é normalmente utilizado para séries cujos termos gerais envolvem exponenciais e/ou fatoriais, ou quando o termo geral está definido por recorrência.
Quando, pelo critério de D'Alembert, se conclui que a série diverge(L>1), isto deve-se ao facto de a série não ser um infinitésimo.
Exemplos
∑∞(2n)!(n!)2
Calculando o limite auxiliar do critério de D'Alembert:
Pelo critério da raiz de Cauchy, a série é convergente.
Seja a série:
∑∞(1±n1)n2
n(1±n1)n2=(1±n1)n=e±1
Pelo critério da raiz de Cauchy, conclui-se que:
Com o sinal +, a série diverge, pois e>1.
Com o sinal −, a série converge, pois e−1<1.
Outro critério
Este critério (sem nome), é útil para séries com termos gerais do tipo nαlogβn1.
Seja (an) uma sucessão decrescente e positiva. Então as séries de termos gerais an e 2na2n têm a mesma natureza.
Se o termo geral é decrescente e positivo, podemos "substituir n por 2n e multiplicar tudo por 2n", mantendo a natureza da série.
Este critério pode ser utilizado na obtenção da natureza das séries de Dirichlet.
Exemplo
Seja a série:
∑∞nlog2n1
Como n e log2n são termos gerais de sucessões crescentes, o termo geral da série dada é decrescente. É também positivo para todo o n∈N+, n≥2.
Então, a série dada tem a mesma natureza que a série de termo geral:
2nlog2(2n)2n=log2(2n)1=(nlog2)21=(log22)n21
Logo, como a série com o termo geral obtido corresponde a uma série de Dirichlet (que se sabe ter com α>1) com uma constante, a série dada é convergente.
Critério do integral
Seja f uma função decrescente e positiva e (un) uma sucessão tal que un=f(n), para n>>. Então, a série de termo geral un converge se e só se existir e for finito o limite
x→+∞lim∫pxf(t)dt
para algum p∈R.
Exemplos de estudo da natureza de séries
Abaixo seguem-se alguns exemplos do estudo da natureza de séries, utilizando vários critérios simultaneamente.
Exemplos
Seja a série:
∑∞n5n!+nn+n9n3n!+5n
Começa-se por utilizar o critério de comparação para simplificar o termo geral.
No numerador, é simples encontrar a sucessão dominante (n3n!), pois:
5n<<n!<<n3n!
No denominador, é necessário calcular um limite auxiliar, pois pela escala básica apenas se pode concluir:
Não é fácil saber se a série dada é ou não convergente. No entanto, como a divergência da série dos módulos foi assegurada pelo critério de D'Alembert, isso significa que a divergência se deve ao facto de o termo geral não ser um infinitésimo.
Logo, a série dada é divergente.
Critério de Leibnitz
Seja an uma sucessão alternada, ou seja, uma sucessão que verifica an⋅an+1<0, para n>>, tal que ∣an∣ é um infinitésimo e decrescente, também para n>>. Então a série de termo geral anconverge.
Se uma sucessão:
For alternadamente positiva e negativa
O seu módulo é um infinitésimo
O seu módulo é decrescente
Então, a série dada por essa sucessão é simplesmente convergente.
📖 A demonstração deste critério encontra-se no PDF da aula 29, página 11.
Exemplos
Seja a série (série harmónica alternada):
∑∞n(−1)n
A série dos módulos é claramente divergente, pois corresponde a uma série de Dirichlet com α=1≤1
Sabendo que a série dos módulos é um infinitésimo (n1→0) e é decrescente, pois:
an+1−an=n+11−n1<0
Assim, pelo critério de Leibnitz, a série é convergente. Como a série de módulos diverge, a série dada é simplesmente convergente.
Seja a série:
∑∞(n1+n(−1)n)
Como n>n⟹n1<n1 para n>2, o sinal é dado pelo termo n(−1)n , logo o módulo do termo geral pode ser obtido multiplicando o termo geral por (−1)n:
∑∞(n1+n(−1)n)
Pelo critério de comparação, com a série de termo geral n1:
n1n1+n(−1)n=1+n(−1)n→1∈R+
Como a série ∑n1 é uma série de Dirichlet com α=21≤1, a série de módulos é divergente.
Não é fácil aplicar o critério de Leibnitz neste caso, pois não é fácil saber se o termo geral da série de módulos é decrescente.
No entanto, pode-se recorrer à natureza da soma de séries:
Sabemos que a série ∑n1 é divergente, e também sabemos que a série ∑n(−1)n é convergente, pelo critério de Leibnitz.
Assim, como o termo geral da série dada é a soma dos termos gerais de uma série divergente e de uma série convergente, a série dada é divergente.
Majoração do erro pelo critério de Leibnitz
Se a série de termo geral an tem o primeiro termo de ordem p∈Z e satisfaz as condições do critério de Leibnitz para n∈Zp então
∣Sn−S∣<∣an+1∣
para qualquer n∈Zp, onde (Sn) é a sucessão das somas parciais e S∈R a soma da série.
Permutação de termos e soma por blocos
Seja
n=p∑∞un
uma série absolutamente convergente. Então:
Qualquer série obtida a partir dessa série por permutação de termos, isto é, qualquer série de termo geral umn com (mn) uma bijeção do segmento terminal dos inteiros Zp nele mesmo, é também absolutamente convergente e tem a mesma soma que a série de termo geral un.
Qualquer série obtida a partir dessa série por soma por blocos, isto é, qualquer série de termo geral
vn=k=mn∑mn+1uk
com (mn) uma sucessão estritamente crescente de inteiros tal que m1=p, é também absolutamente convergente e tem a mesma soma que a série de termo geral un.
Estas propriedades correspondem a dizer que em somas infinitas absolutamente convergentes são válidas as propriedades comutativa e associativa da soma.
Teorema de Riemann
Seja (an) o termo geral de uma série simplesmente convergente. Então, por permutação dos termos de (an) pode construir-se uma série simplesmente convergente com qualquer soma que se pretenda ou mesmo uma série divergente.
Este resultado mostra o quão delicado é trabalhar com séries simplesmente convergentes, pois uma simples permutação da ordem por que se somam os termos da série pode mudar a soma da série, podendo, até, mudar-lhe a natureza.
A demonstração deste teorema encontra-se no PDF da aula 30, página 2.
Produto de Cauchy de duas sucessões
Sejam (an) e (bn) duas sucessões.
Define-se o produto de Cauchy de (an) por (bn) como sendo a sucessão de termo geral
cn=k=1∑nan−k+1bk
Teorema de Mertens
Sejam
n=1∑∞anen=1∑∞bn
duas séries convergentes em que pelo menos uma delas é absolutamente convergente. Então, sendo (cn) o produto de Cauchy de (an) por (bn), a série de termo geral cn é absolutamente convergente e tem-se